A falta de energia elétrica, que já dura quatro dias na Grande São Paulo, continua a prejudicar diversos setores, especialmente bares e restaurantes. A Enel Distribuição São Paulo informou que 537 mil clientes ainda estão sem luz, com 354 mil afetados apenas na capital. Desde o temporal da última sexta-feira, 11 de outubro, esses estabelecimentos têm enfrentado grandes desafios, como perda de produtos e paralisação das operações, o que impacta diretamente o faturamento.
Embora equipes de outros estados, como Rio de Janeiro e Ceará, tenham sido acionadas para reforçar os trabalhos, a distribuidora de energia não deu uma previsão concreta de quando o fornecimento será totalmente restabelecido. A situação é particularmente grave nas regiões sul e oeste da capital, onde bairros como Santo Amaro, Jardim São Luiz e Vila Madalena seguem no escuro. No interior, municípios como Cotia e São Bernardo do Campo também continuam sem eletricidade, afetando o funcionamento de vários estabelecimentos comerciais.
Diante desse cenário, entidades como a Fhoresp (Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo) se mobilizaram para buscar medidas legais contra a Enel, devido aos prejuízos sofridos pelo setor. A paralisação do setor gastronômico durante o final de semana, período de maior movimentação, trouxe impactos profundos. Muitos empresários relatam a perda de estoques de alimentos e a dificuldade em manter o funcionamento sem energia, ventilação adequada e refrigeração.
Um dos estabelecimentos prejudicados foi o restaurante de Valmir Oliveira, localizado em Pinheiros. “Estamos sem energia desde sexta à noite, e a maior parte do nosso estoque já se perdeu. Além disso, a falta de contato com a Enel só agrava a situação. É um descaso completo com o comércio local”, afirma o empresário. Casos como o de Oliveira não são isolados: diversos donos de bares e restaurantes relatam dificuldades em alugar geradores, enfrentar altas temperaturas sem ar-condicionado e manter o atendimento aos clientes.
A Fhoresp anunciou que vai processar a Enel, exigindo ressarcimento pelos danos causados. Edson Pinto, diretor-executivo da federação que representa o setor, afirmou que “é inadmissível que, em uma cidade como São Paulo, os empresários fiquem à mercê de um serviço tão essencial e não tenham respostas claras sobre a normalização do fornecimento de energia”. Segundo ele, a federação já está coletando depoimentos e dados de estabelecimentos afetados para formalizar a queixa.
Além dos prejuízos financeiros, a falta de energia também trouxe problemas no abastecimento de água, já que o fornecimento de eletricidade é necessário para o funcionamento de bombas de água em várias regiões da cidade. A Sabesp alertou para o uso consciente da água, especialmente nas áreas mais afetadas pela crise, como Capão Redondo e Jardim Peri, na zona sul da capital.
Com a situação ainda sem solução à vista, o SindResbar reforça a importância da união entre empresários para garantir que seus direitos sejam protegidos. A entidade orienta que todos os bares e restaurantes que tenham sofrido perdas documentem os danos e entrem em contato com o sindicato para participar de possíveis ações e medidas de apoio.